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Mais uns outros poeminhos!

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Não resisto à tentação de enviar outros poeminhos meus ao Diário de Santa Maria. Mintam que gostaram!

Teu sexo

Viajo ao redor do teu sexo

Peregrino no altiplano dos teus bruços,

Andarilho sem rumo, nas corolas dos teus seios

Cada acre do teu corpo me fascina

Cada coxilha do teu torso me detém,

E em mim retém a vocação que me destino

Teu sexo recende a mirra

- Termo intocado em minha rota de migrante

Teu sexo tem som de concha

Na ressonância das marés dos meus naufrágios


Os poemas de agosto

Que poemas te direi em agosto?

Outras serão as flores

E os pardais

A nesga de céu, que da janela divisamos

Terá novas nuvens, novos tons de azul

O mar que bate nas rochas

Conquistará novos espaços

- ainda que imperceptíveis -

E outras canções o povo cantará

Seremos outros

Em agosto


Teu corpo

Palmilho teu corpo, com vocação de caudilho.

Nele me perco e nele reencontro

Meu atávico desejo de conquista.

Em teu corpo montes ocultos, sudoestes vermelhos,

Colinas suaves, de gramíneas baixas.

Vales mansos, escarpas loucas

E falésias intocadas, onde o sol se esconde.

Teu corpo me comove, me entristece e me alucina,

Teu corpo sintetiza o infinito.

Imprudente, impudente andarilho no teu corpo,

Não há bússolas que me assistam.

Subverte a imantação do Norte,

Teu corpo é misticismo.

Reflito sobre a origem do teu corpo.

Teu corpo não tem origem, é invenção da poesia

- Teu corpo me apascenta e me reclina


Viemos de longe

Viemos de longe

Do passado, do presente e do futuro

Viemos de longe

E ao nos tocarmos descobrimos

A sonoridade da palavra pintassilgo

E duas amoras pretas sobre a mesa


Lição de adeus

Um dia serás minha e, de repente

Teus olhos me dirão que vais embora

E nas mãos terei rosa fechada

Então rasgarás meu peito

E dele hão de emergir, em debandada

Em revoada, borboletas brancas

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